Tendo nascido em 1991, tive minha infância moldada pelos anos 90. Longe de querer ser um saudosista, venho aqui mostrar como uma década pode ter sido tão peculiar na vida dos brasileiros. Desde um presidente sofrendo Impeachment a mulheres seminuas na televisão no domingo no horário do almoço, muita coisa mudou (ou não!) em relação aos últimos anos. As crianças e adolescentes que sobreviveram passaram pelos anos 90, adultos nos dias atuais, mereceram continuar neste mundo depois de tantas provações.
Em primeiro lugar, vinham as relações sociais. Você, leitor ou leitora, que tem menos de 20 anos de idade pode ser que não saiba do que vou falar aqui agora. Mas existiu uma época em que a Internet não existia! Sim, dias negros, escuros eram aqueles. E, quando a internet surgiu, não era assim tão fácil de se conectar. Você precisava se mostrar digno de acessar a internet. A internet utilizava o telefone como se estivesse fazendo uma ligação numa época em que ter telefone fixo era mais comum (pra você, leitor juvenil, telefone fixo é tipo um celular, porém com fio). Devido ao alto valor das tarifas, só podia-se acessar de madrugada ou nos finais de semana. E numa velocidade em que, pra carregar um gif levava questão de horas.
Tendo isso em mente, é de se imaginar que as redes sociais como o Facebook não serviriam de muita coisa. Então precisávamos de outra maneira para interagir com os amigos. E, acreditem, fazíamos coisas primitivas para isso. Nós conversávamos! Olha que absurdo. Mas nem sempre isso se mostrava suficiente. Então, para conhecer melhor nossos amigos, surgiu um "aplicativo" muito difundido: o caderno de perguntas. Consistia, como o nome indica, num caderno, onde você escrevia, em cada página, uma pergunta, pedindo pra pessoa se identificar na primeira página. E distribuía entre seus amigos. Olha que maneira simples de se descobrir um pouco mais sobre a pessoa. Aí, meus queridos, estava o surgimento das redes sociais!
Eu era o que sempre respondia "Idem a tal nº"
Sem a internet, precisávamos de outras maneiras de passar o tempo. A gente brincava nas ruas e... Tá, eu não brincava tanto assim. Sempre fui de ficar em casa. Mas as brincadeiras de rua existiam! E digo, com orgulho, que já chutei o chão tentando chutar uma bola de futebol durante uma partida na rua. Mas, quando não se estava brincando nas ruas, o tempo era passado de maneira agradável em frente à televisão. E os programas infantis dos anos 90 eram um espetáculo a parte! Imagina a Xuxa apresentando um programa onde meninos e meninas se enfrentavam em brincadeiras divertidas. Assim era o Xuxa Park. Esta mesma Xuxa, tempos depois, seria vista apresentando o Planeta Xuxa, que trazia homens e mulheres seminus em competições um tanto quanto inusitadas:
Claro que a gente tá falando da mesma Xuxa que nos presenteou com a seguinte canção:
Pata, peta, pita, pota... Puxaaaa!
Mas não é só de Xuxa que era feita a televisão nos anos 90. Um outro ápice televisivo era o Domingo Legal. Ele ia na sua casa, pedia um monte de itens inusitados, fazendo com que todos da família corressem atrás do objeto e agitassem animados um sininho quando encontrava. Tudo isso em troca de prêmios maravilhosos, como o Upa Upa do Gugu e um Pogobol do Gugu. Mas o quadro Gugu em minha casa não era o principal. Imaginem a seguinte cena: a família reunida pro almoço no domingo. Todos felizes. É um momento onde se consagra a união familiar. Na televisão, que TODOS, do netinho ao vovô, assistem, uma mulher de biquíni disputa ferozmente com um homem de sunga quem é capaz de pegar mais sabonetes em uma banheira.
Valendooooo! Uba uba uba hey!
A imagem acima não é de um filme pornô. É de um quadro de um programa de televisão exibido num domingo. E isso era normal. Que época para ser adolescente!
O ramo musical também não ficou para trás. É nos anos 90 que surge o grupo de axé É o Tchan! Mas já falei sobre ele em outro post. Por isso, vou focar em outros dois grandes ícones da música brasileira nos anos 90: Vinny e Mamonas Assassinas.
Vinny apresentava um ritmo mais dançante, praticamente precursor das baladas pop famosas nas noitadas atuais. Um ritmo que disfarçava letras memoráveis. Através desse ritmo, Vinny solicitava algo simples: Mexe a cadeira e perde a vergonha na cara. Sério, meu amigo leitor e minha amiga leitora, olha que poesia:
"Mexe a cadeira
Da maneira que te tara
Mexe a cadeira
E vai fazendo a minha mala
Mexe a cadeira
sabe tudo e nada fala
Mexe a cadeira
E perde a vergonha na cara"
Da maneira que te tara
Mexe a cadeira
E vai fazendo a minha mala
Mexe a cadeira
sabe tudo e nada fala
Mexe a cadeira
E perde a vergonha na cara"
- Vinny
Já numa pegada mais rock, os Mamonas Assassinas conquistaram o Brasil. Praticamente um coro de criancinha entoavam, quase que em uníssono, os dizeres "Nesse raio de suruba, já me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém". E isso era normal, quase que um motivo de orgulho para os pais. Sem falar de Robocop Gay e Pelados em Santos. O palavrão existia, mas tudo bem, era parte da poesia da música.
Por fim, um detalhe que muitos vão achar aterrorizante: o Merthiolate ardia! Sim. E isso moldou o que sou hoje. Uma juventude curada com Merthiolate que não arde só forma adultos fracos, que não sabem que a dor também cura. O maior cuidado em não se machucar não era pelo machucado em si, mas pela ardência do Merthiolate. E ainda tinha a versão que era aplicada por uma espécie de redinha de plástico que era esfregada no machucado. As bactérias não morriam, eram expulsas do machucado. Se você se aproximasse da ferida, dava pra ouvir as bactérias gritando pela quantidade absurda de álcool que tal medicamento continha.
Claro que esse breve comentário não lhes dá a noção exata do que foram os anos 90. Ainda pretendo fazer outra postagem sobre essa década caso eu tenha tempo. Mas espero que sirva para dar uma noção do porque o mundo hoje é tão zuero. Os adultos de hoje foram formados por essa década tão diferente, maravilhosa e esculhambada! E não sabem porque o Brasil tá assim...
Chorei de rir... kkk bem isso mesmo... kkkk
ResponderExcluirEu pedi pra você me avisar quando tivesse post, né?! :p
ResponderExcluirEu também não brincava na rua e nunca tinha parado pra pensar que as letras dos Mamonas em nada diferem dos funks cheios de conteúdo de hoje em dia rs
E sobre o caderno de perguntas hahahahah realmente a primeira rede social. "Você gosta de alguém? Quem?"
Não me lembre do passado difícil de ter que esperar até 0h pra acessar meu flogão (tá, não era mais década de 90, mas eu demorei coisa a beça pra ter banda larga rs)
Mil desculpas, o próximo eu aviso! ^^
ExcluirE sempre pulava essa pergunta do "Você gosta de alguém? quem?"
Também demorei a ter banda larga, entendo seu sofrimento hahahaha
KKKK...divertido
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